O QUE SÃO OS SONHOS – Parte 1

Os sonhos são o principal regulador da economia da energia psíquica (libido e agressividade) que circula na estrutura “memoria-motivo-defesa” que rege o Aparelho Psíquico do ser humano.

            Como já dizia Freud, em 1900, os sonhos são os “guardiões do sono” e exercem essa função realizando desejos do Id reprimido, sob a forma de uma alucinação distorcida intrinsecamente, no estado de sono.

            A imensa maioria dos sonhos é constituída de alucinações vivas, exuberantes, que são sumariamente esquecidas, por ação das defesas psíquicas inconscientes do Ego, de modo imediato e irreversível, após a sua produção, como o demonstram as pesquisas neurofisiológicas sobre o sono, o sono REM (no qual são produzidos os sonhos) e o sono NREM (sono profundo).

            Uma ínfima percentagem dos sonhos deixa traços na memória consciente e sua interpretação mostra que o traço mnêmico do sonho é uma formação psíquica distorcida pelas defesas do Ego, durante o sono, (“censura onírica”) e de inteligibilidade também dificultada pela condensação e pelo modo arcaico de funcionamento do Aparelho Psíquico durante o sono (isto é, o uso de uma linguagem arcaica, “básica”, que consiste em associações de imagens sensoriais, regidas pelo conflito psíquico interno).

            As defesas do Ego infantil são, essencialmente: a projeção, a recusa da “castração”, o retorno pulsional ao Ego, a transposição dos afetos e o recalque, em vigília.

            Durante o sono, anticatexias são capazes de impedir o registro mnêmico da imensa maioria das alucinações oníricas; entretanto, as alucinações que deixam traços na memoria, ainda assim, exibem os sinais da ação das defesas mais primitivas do Ego, as quais promovem o deslocamento de catexias que são retiradas de representações de coisa sensoriais angustiantes e (re) investidas em “representações neutras”, “inocentes”, a elas associadas, processo esse que distorce o conteúdo nuclear (conteúdo latente) da alucinação onírica.

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